Consumir pra viver ou viver pra consumir?
![](http://photos1.blogger.com/blogger/6789/2633/200/consumismo.jpg)
Esse é o depoimento de Milta Ferreira Bastos, uma diarista, 42 anos, casada e mãe de seis filhos à Gazeta de hoje para a matéria “Valorização do salário mínimo cria novas classes de consumidores”.
O objetivo deste post não é criticar o depoimento da diarista e nem falar sobre o que saiu na matéria, mas sim refletir um pouco sobre os significados do consumo para nossas vidas.
Consumimos constantemente e não paramos um instante para refletir sobre os efeitos do consumismo em nossas vidas. E nem sequer achamos isso importante, pois o consumir, está associado a conquistas, a vitórias, a qualidade de vida, a sucesso. Não é à toa que em cima da foto da Milta estava o título “Vida de sucesso”.
![](http://photos1.blogger.com/blogger/6789/2633/200/ruota_criceto.jpg)
Quando nosso poder de compra é elevado, temos a sensação de ter conquistado um enorme poder: o poder de consumir muito além do que precisamos. Temos o poder de satisfazer nossos desejos (a casa, o carro, o celular, os óculos de marca). Entretanto, um poder disfarçado, pois estamos simplesmente reproduzindo o "ciclo de desejo-aquisição-desilusão-desejo renovado" -denominado assim por Campbell.
Somos então uma sociedade hedonista, ou seja, temos o prazer individual e imediato como supremo bem da nossa vida?Acho que não! Vivemos uma busca eterna de estímulos externos, de desejos insaciáveis (pois o novo fica velho rapidamente e temos que consumi-lo novamente), desperdiçamos e consumimos sem nos satisfazermos. Quando um novo carro nos tornou permanentemente felizes? Um novo amante? Uma roupa nova? O prazer é tão fugidio quanto o desejo original de consumir. Os nossos desfrutes são marcados por sua futura e inevitável perda, traçado, ainda, por um desejo urgente de ter mais. Não temos a experiência do verdadeiro prazer, nem mesmo do prazer imediato, pois essa nossa realização individual está fadada ao fracasso .
Percebo que somos na verdade uma sociedade que pensa ser feliz e ter sucesso com o consumo, mas que na realidade estamos é nos consumindo com tudo isso e nos tornando carentes afetivamente, solitários, tensos, frustrados profissionalmente, estressados ou simplesmente “tediados”.
4 Comments:
"mesmo quando ele consegue o que ele quis
quando tem já não quer
acha alguma coisa nova na tv
e que não pode ter
deixa de gostar
larga mão do que ele já tem
passa então a amar
tudo aquilo que não ganhou"
(um par-los hermanos)
Ainda bem que eu tenho uma puta preguiça de consumir...
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